aprendendo a conviver com a saudade
Eu era um sujeito então perseguido pelas nostalgias. Sempre tinha sido, e não sabia como me livrar da saudade para viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que nunca vou aprender. Mas pelo menos já sei uma coisa valiosa: é impossível se livrar da memória. Você não pode se livrar daquilo que amou.
Isso tudo vai estar sempre com a gente. Sempre vamos desejar recuperar o lado bom da vida e esquecer e desnutrir a memória do lado mau. Apagar as perversidades que cometemos, desfazer as lembranças das pessoas que nos magoaram, eliminar as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para a nossa sorte, a saudade possa se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que nos impulsione para o novo, para nos entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar a vida na solidão, encontrar alguém, entregar-nos um pouco, evitar a rotina, desfrutar a nossa parte da festa.
Eu ainda estava assim. Tirando todas essas conclusões. A loucura me rondava e eu escapulia. Tinha sido coisa demais em muito pouco tempo para uma pessoa só, e saí por dois meses se Havana.
Pedro Juan Gutiérrez, minha mais nova paixão, em “Trilogia Suja de Havana”
* a foto é de jaime m
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pedro juan foi um presente do meu ex-professor de redação e roteiro na faculdade. me aplicou no pedro, no fonseca e no rodrigues – nós fazíamos matérias e vários tipos de textos usando contos de cada um dos autores.
no final da faculdade ainda ganhei dois livretos dele: um do maupassant e outro do almodóvar que eu adoro – fogo nas entranhas, já leu?
nossa, que professor, hein? eu precisava de um assim!
li o fogo nas entranhas adolescente ainda, tá lá na minha estante, vou até ler de novo! =))
Foi engraçado entrar aqui e me deparar com esse texto falando sobre conviver com a saudade, porque é exatamente o que eu tenho tentado nesses últimos meses. Lidar com a realidade da ausência, ainda mais quando é fruto de escolhas próprias, tem sido mais do que complicado.
Acabei de assistir Once (não sei por que a sessão deliberada de tortura) e ‘take this sinking boat and point it home’ dilacera meu peito desde então :’)
Bom, Pedro falou straight to my soul hoje.
é todo um processo, né? mas faz a gente crescer muito! e once é tão difícil.. gostei do filme
certeiro. sinto isso nesse exato momento.
=~
Adoro o Pedro Juan Gutierrez. Esse livro eu ainda não li, mas quero muito. Esse trecho que você selecionou é maravilhoso. Já leu o Animal Tropical. É incrível também!
Beijos!
não li! vou procurar em seguida
=)
dá ódio, pq vc lê de uma sentada (ou de uma deitada, a gosto do freguês) e logo acaba.
é! mas aí eu to lendo bem devagarinho, pra curtir mais ainda.. hehe
=)
coincidência!!!! Uma amiga me repassou este link para ler este post, pois ela já tinha lido o meu sobre SAUDADES, que bom ver que mais pessoas falam da saudade.
http://jerryboyrp.blogspot.com/ dê uma olhada….[]s
Eu precisaba dum texto asim. A saudade é parte de nossa vida… nos debemos elegir si será una mala que cargar o nossa inspiracion
Perfect eu adoreiiiiiiii