entrevista: lucas santtana

Tudo, um filme, uma conversa, uma caminhada a noite na rua, um livro, a batida de uma música a noite numa boate, enfim, os estímulos vem de toda parte e os esados lisérgicos ajudam bastante ; ))).
Tudo, os processos é que variam muito. As vezes a música e a letra vem toda, já pronta, como se fosse psicografada. Noutros casos o que vem é só uma idéia e ai precisa realmente de muita transpiração para chegar numa coisa legal.
hahahaha, adorei a pergunta, os jornalistas deviam fazer mais esse tipo de pergunta, hahahaha. A minha funciona mal, hahahaha, mas as vezes os defeitos dela provocam licenças poéticas muito bem vindas, hahahaha. Será que ela funcionou agora para entender a pergunta, HAHAHAHAHA.
Vem do fato de ser baiano, nordestino, brasileiro, latino americano e de vários mestres como Jorge Ben, Fela Kuti e Novos Baianos, só para citar alguns.
Pô, tem muita gente que eu gosto muito, mas muita mesmo! De todos os estilos musicais imagináveis. Das Divas gosto da Gal nos anos 70, da Bethânia, da Betty Davis, Aretha, Madonna, Billy Holiday, Bjork, Clementina, Feist, Santogold, são muitas também.
Baixo muitas músicas na rede e o meu foco de interesse são coisas que estão sendo produzidas agora, coisas que muitas vezes não tem nem cd ainda. É um trabalho de pesquisa mesmo. Dai quando encontro coisas legais fico ouvindo direto. Nos últimos tempos chapei com South Rakkas, Ghislian Poirier, Uproot Andy, Santogold, Metronomy, Mc Roger, El Remolon, Magic System, K’naan e alguns tecnobregas. Adoro remixes e mashups também.
Eu sou tri-octopus, tenho o pé em todo lugar que dá fruto.
O Rio me deu o funk carioca, os bailes, o dub, o dance hall, que só vim a conhecer quando me mudei para cá. E agora tem me dado o ghettotech, cujo interesse tenho dividido com amigos como o Chico Dub, o João Brasil e o Pedro Seiler.
Foi bem divertido, gravei em Salvador, no Rio e em São Paulo. Em vários estúdios diferentes e com vários produtores e músicos participando. A idéia era fazer um disco de voz e violão a várias mãos, com todos os suportes tecnológicos que temos hoje na criação de música. Usei muito a questão do ambiente também, sou fissurado em música ambiente, essa trilha sonora que está todo dia e o tempo todo a nossa volta, mas como vivemos a cultura do olhar não escutamos muito.
Como fiz com vários produtores, fui escolhendo quais músicas poderia crescer com o jeito e o estilo que cada produtor e músico trabalha. Quando comecei o disco já tinha esse mapa todo na cabeça, caso contrário o disco correria o risco de ficar um samba do criolo doido. Fora os mashups, que foram feitos só com sampler, as outras canções já estavam prontas. Então fui em busca que elas soassem ora como uma banda como é o caso de “who can say which way” e “cira regina e nana”, ora mais acústicas mesmo, com a voz, o violão e muito ambiente ao redor como “night time in the backyard”, “ripple of the water” e “hold me in”.
Olha, não gosto de ser profeta de nada, até porque o tempo que vivemos é de profundas mudanças comportamentais, o que posso falar é da minha experiência particular até aqui. Desde que disponibilizei meu disco anterior, o “3 sessions in a greenhouse”, o acesso de pessoas ao meu trabalho cresceu muito, tanto é que várias pessoas pensam que esse é meu primeiro disco e o “Sem Nostalgia” o segundo. Não conhecem os 2 primeiros pois em 2000 e 2003, quando foram lançados, eu ainda não tinha me ligado nesse lance da rede. Hoje chego para tocar em cidades que nunca havia tocado e as pessoas cantam as músicas, enchem os shows. Acabei de voltar de Salvador, tinham 1.400 pessoas no museu do MAM.
Conheci uma turma de Cruz das Almas, uma cidade do interior da Bahia, que foi lá para me ver porque baixaram o cd e curtiram. Se fosse depender de cd e loja de disco eles não iram conhecer minha música. No dia seguinte fiz uma noite de autógrafos e vendeu todos os cds do Sem Nostalgia que levei. Existe uma nova lógica de se relacionar com a música, de consumi-la. Os exemplos estão acontecendo o tempo todo, a gente só precisa fazer a leitura.
Deus me livre, hahahaha. Eu quero a alcunha do cara que se divertiu para caralho com a voz e o violão nos anos 2000. E que venha uma gurizada ai depois barbarizando ainda mais. A música brasileira produzida nos anos 2000 não deve nada ao que foi produzido nos anos 70, chega de nostalgia.
Desde o primeiro disco saiu muita matéria aqui, muitas críticas e tal em vários jornais e revistas do país, mas lá fora eles sacaram melhor o que eu faço desde o primeiro disco, que é o lance das texturas musicais, dos crossovers. Acho que porque lá a diversidade é maior, chega tudo do mundo todo e não existe só o independente e o maistream, tem vários esquemas no meio disso. Eu sempre achei a cultura brasileira conservadora, tão qual o nosso país. Nos E.U.A eles vibram quando aparece um Prince, porque aquilo é uma evolução do James Brown, aqui até hoje o samba, o Axé e a MPB não mudaram quase nada em termos de sonoridade para o grande público. Aqui a música é como a política, as estruturas tentam se manter até onde for possível.
* Aproveitando meu próprio ensejo, o que é o amor pra você hoje?
As coisas que estão bem próximas.
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úia !
Parabéns Dani ! eu sou um que alardeia o ” Sem Nostalgia ” como o melhor disco brasileiro do ano! e fico sempre encantado com essa energia que você tem de fazer as coisas! A ENTREVISTA ta massa!
“As coisas que estão bem próximas.” (ui, pintou um clima). rsrs. brinks.
ótima entrevista, mal espero pelo show.
uau! fera a entrevista!!!
divertida!
o disco tá demais!
bjos.