entrevista: thiago pethit
thiago pethit brotou, como acontece de tempos em tempos. no dia do show do will oldham, era ele quem ia abrir _perdi porque fiquei bebendo no bar ao lado. numa folk, ele tocou _eu acho que tinha plantão. um ou outro já tinha me falado do garoto paulistano que veio se chegando na cena folk. mas ele deixou de ser só um nome pra mim quando chegou aqui em casa um cd tão caprichado (projeto gráfico lindíssimo de erica ferrari) quanto o som que eu descobriria segundos depois
em seu ep de estréia, “em outro lugar”, pethit se vale de letras bonitas e arranjos refinados para colocar na rua _ou no computador mais próximo, já que está tudo disponível em www.thiagopethit.com _ sua música influenciada por chanson française, tango argentino, leonard cohen, filmes de louis malle,dança de fred astaire, livros de cortázar .. numa mistura de português, inglês e francês, para atestar o caráter cosmopolita da coisa
a música de abertura, “em outro lugar”, não me pegou _a voz dele tá boa, mas muito pomposa pro meu gosto. mas bastou “birdhouse” começar pra eu lembrar até de andrew bird _e não foi pela questão passarinho da coisa, ok? =) lembrei de rufus wainwright, também, mas faz tanto tempo que ele saiu da minha playlist… melhor substituir por um leonard cohen aqui, um beirut ali, e até por uma pitadinha de caetano
quando pethit convida tiê pra cantar “essa canção francesa”, a primeira coisa que a gente pensa é: quero ser seu gainsbourg, be my bardot. em “o último a saber”, pethit mostra que um ano em buenos aires pode fazer diferença na vida de alguém. ou, quem sabe, isso se deva ao som, ouvido ou imaginado, que vem dos bálcãs… a canção tem melancolia, tem pegada, tem sutileza e esconde, ainda, um poema declamado em español porteño! abram as portas pra faceta latin-lover-folk desse menino =)
e, vocês sabem, quando eu gosto de uma coisa, quero que essa coisa venha parar aqui no don´t touch. às vezes, de forma sucinta. em outras, com foto e entrevista. confiram aí:
AH, MAS ANTES: hoje, quarta (28/2), tem show do pethit no studio sp, de graça, a partir das 22h: http://studiosp.org/
* que caminho o pequeno pethit percorreu até chegar na música? conta um pouco sobre você (de onde é, que idade tem, onde mora, o que faz/fazia até lançar o disco…)
aos 6 fui ilustrador, aos 10 eu era crítico de cinema, assistia de Hitchcock a Fellini e escrevia minhas anotações num caderninho. com 12 escrevia contos sobre os bailes de carnaval dos anos 40. tudo guardadas suas devidas proporções! (risos) com 15 decidi ser ator e aos 18 me formei como tal e trabalhei mais 7 anos no teatro, cheguei a experimentar direção, e fiz cenários para o show de Cabaré do Dudu Tsuda e da Tiê. finalmente, com 24 ingressei de vez na música, indo estudar canto e composição de tango em Buenos Aires, onde morei por quase um ano. nunca quis fugir com o circo. eu sempre montei meu circo particular. (risos) com 26 já estava de volta a são Paulo,
* quais foram as músicas, os cantores e/ou as bandas que te fizeram pensar: “pô, eu quero fazer isso da vida um dia”?
quando eu assistia os musicais do Fred Astaire, eu tinha certeza que era aquilo que eu queria pra minha vida. depois via o Mick Jagger, tinha a mesma sensação e nunca sabia como é que eu poderia juntar uma coisa com a outra. o Leonard Cohen, a Piaf, o Gardel, Nora Ney… a questão era: se é o que eu vou fazer, como vou fazer?
* e os filmes, livros, pinturas e quaisquer outras coisas que te despertaram pra esse lado?
os filmes da nouvelle vague, do Louis Malle, com a Jeanne Moreau caminhando perdida nas ruas, e o Miles Davis tocando de fundo… isso é muito inspirador. os olhos arregalados nos filmes do Fellini. a idéia de começar por qualquer capítulo no “jogo da amarelinha” do Cortázar.
* como é que você começa a criar uma música?
não tenho uma técnica estabelecida ainda. às vezes é só de cantarolar alguma coisa que me dá na telha. às vezes é de ficar brincando de combinar acordes e tempos no violão. às vezes porque quero cantar alguma coisa triste. às vezes, feliz
* como foi o processo de gravação do disco? você tinha milhões de músicas e escolheu seis, ou, desde o começo, queria um registro mais enxuto?
o processo começou com a idéia de ter um ep menor ainda, só com três canções e um “spokenword”. sendo que uma das canções nem tinha letra ainda. convidei os produtores, e durante o tempo em que ficamos arranjando e produzindo, outras canções foram pintando e eu não conseguia resistir a não gravá-las. no fim, poderiam ser sete canções até. mas tirei uma que não se encaixava muito bem com as outras seis.
* quem você chamou pra tocar com você? como surgiu o convite pra tiê?
chamei o Tatá Aeroplano para produzir “The Souvenir Song” e o Cérebro Eletrônico para tocar, o Maurício Fleury produziu “Em Outro Lugar” e “Essa Canção Francesa”, e contei com a participação de muitos amigos, como a Tulipa Ruiz e a Tiê, que é minha parceira de longa data já. conhecemos-nos um pouco antes deu decidir que queria mesmo trabalhar com música. ela ainda fazia um show com o Dudu Tsuda, chamado “Cabaré de Duar tsu & Tiê Bireaux”. eles me convidaram para dirigir o show, depois decidi fazer um cenário que eu mesmo costurei, depois virei mestre de cerimônias e no fim já ia cantar uma música com eles. o show foi cancelado um dia antes da estréia, porque a prefeitura fechou a casa pela “lei do psiu”. a frustração rendeu grandes amizades
* você tem uma estratégia pra divulgar o cd? como está a agenda e quais são os planos pra 2009?
conto muito com a divulgação “boca a boca” do disco. mando o EP pra gente que acho bacana e que por sorte gostam do trabalho, e a divulgação acontece por si só. estou recebendo bastante apoio do Studio SP, aonde venho me apresentando no projeto “Aposta – Cedo e Sentado”, desde o ano passado, quando fiz a abertura do Folk-se com Will Oldham. estou começando a filmar o clipe de “Essa Canção Francesa”, com direção do Rafael Barion e animação do Adams Carvalho, de quem sou muito fã. deve ser lançado em março ou abril, junto com um single virtual de uma música nova, que eu começo a gravar semana que vem. ainda vou gravar mais um clipe com o trabalho do Adams e estou conversando com o Fabiano Liporoni para ele dirigir um. e enquanto isso, quero ir fazendo muitos shows. não tem jeito melhor de aproximar as pessoas do meu trabalho e do disco.
* o que você diria pra alguém que ainda não ouviu sua música? o que diria pra fazer a pessoa ficar com vontade?
hahaha que difícil! eu diria www.myspace.com/lepethitprince já!
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.obrigado pela dica.
.o garoto é bem talentoso…
.abraço.
Nossa! Fui no show, achei muito fo-da!
Cheguei, dei um google no rapaz e é obvio, só podia estar aqui entre as suas dicas!
Valeu moleskina!!!!
segui seu conselho e gostei 🙂